segunda-feira, 28 de março de 2011

Peixes do Pacífico estão comendo plástico

Peixes do Pacífico estão comendo plástico

Segundo pesquisadores que percorreram 1,6 mil km da Costa Oeste dos EUA, entrada do detrito na cadeia alimentar deve afetar os humanos

 Tony Barboza, Los Angeles Times – O Estado de S.Paulo
Pesquisadores do sul da Califórnia, nos Estados Unidos, encontraram provas de que pequenos peixes do norte do Oceano Pacífico estão ingerindo plástico. O estudo desses cientistas chama a atenção para os efeitos preocupantes do lixo que flutua nas águas sobre a vida marinha em áreas remotas dos oceanos.
Em cerca de 35% dos peixes apanhados em uma expedição de pesquisa realizada em 2008, na Costa Oeste dos Estados Unidos, foram encontrados pedaços de plástico em seus estômagos, de acordo com o estudo, apresentado na semana passada pelas instituições de pesquisa Algalita Marine Research Foundation (Fundação de Pesquisa Marinha Algalita) e California Coastal Water Research Project (Projeto de Pesquisa das Águas Costeiras da Califórnia).
Cada um dos peixes apanhados nessa expedição tinha em seu estômago, em média, dois pedaços de plástico. Mas os pesquisadores, que dissecaram centenas de peixes-lanterna – espécie que se alimenta de plâncton -, chegaram a encontrar 83 fragmentos de plástico em um único animal.
O estudo das duas instituições levanta o temor de que o lixo, à medida que vai se introduzindo na cadeia alimentar, pode terminar sendo ingerido pelos seres humanos.
E destaca também um problema que tem chamado muito a atenção nos últimos anos: os detritos marinhos – em sua maior parte constituído de plástico – que se acumulam nas vastas correntes oceânicas conhecidas como turbilhões.
Embora as garrafas, os contêineres e as varas de pesca aos poucos se fragmentem com o impacto das ondas e a luz do Sol, os cientistas ainda não sabem se um dia esse lixo se dissolverá totalmente.
Efeitos quantificados. Os estudiosos já documentaram os perigos apresentados por esse lixo flutuante para as tartarugas, os pássaros marinhos e os mamíferos que se alimentam desse lixo ou ficam presos nos detritos. Mas, segundo os pesquisadores, o presente estudo foi o primeiro a tentar quantificar os efeitos sobre os peixes menores.
A Algalita Marine Research Foundation, instituição sem fins lucrativos com sede em Long Beach, Califórnia, que tem esse nome por causa de seu catamarã de 50 pés, realiza pesquisas científicas sobre a propagação global dos detritos marinhos, mas também luta para limitar “o rastro de plásticos” deixados pela sociedade em rios e oceanos.
O Coastal Water Research Project, baseado em Costa Mesa, também na Califórnia, é um instituto de pesquisa ambiental financiado por 14 agências governamentais diferentes.
Para realizar o estudo, os pesquisadores das duas instituições avançaram por cerca de 1,6 mil quilômetros da costa, em busca de peixes vivendo em meio às partículas de lixo flutuante numa área do Pacífico conhecida como Eastern Garbage Patch. Eles dissecaram e analisaram os peixes num laboratório em Costa Mesa.
A vasta maioria dos peixes encontrada era de peixes-lanterna, que vivem nas profundezas do oceano e sobem à superfície quando escurece em busca do plâncton. Como são um dos peixes mais comuns no oceano e uma fonte de alimento para peixes populares na pesca, como o atum e o dourado, a descoberta dos fragmentos de plástico levanta questões quanto aos efeitos sobre a vida marinha e o consumo humano.
“À medida que os pedaços grandes de plástico se fragmentam, eles vão ficando do tamanho e com a textura de um alimento natural”, disse Charles Mooore, fundador da Fundação Algalita e autor do estudo. “O que estamos observando é toda a rede alimentar sendo contaminada pelo plástico”.
Ideias. O estudo foi publicado na revista científica Marine Pollution Bulletin e os autores devem apresentar suas descobertas na Plastics Are Forever Youth Summit, em Long Beach, reunião na qual adolescentes dos Estados Unidos e de mais 13 países trocarão ideias sobre como combater a poluição provocada pelo plástico nos oceanos.
A pesquisa também será apresentada no fim deste mês na Quinta Conferência Internacional sobre Detritos Marinhos, em Honolulu, Havaí. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
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Falta de água fará América Latina agir contra aquecimento,

Falta de água fará América Latina agir contra aquecimento, artigo de Luis Alberto Moreno

 

Relação entre água e clima pode servir para conciliar conflitos que atrapalharam negociações em Copenhague
[Los Angeles Times] Pergunte ao prefeito de uma cidade na Cordilheira dos Andes sobre o resultado das negociações do clima que aconteceram em dezembro em Copenhague e provavelmente você vai receber uma resposta superficial. Pergunte sobre a queda dos níveis nos reservatórios de água doce locais e você receberá uma bronca.
A razão disso está no cerne das discordâncias que dividiram os países industrializados e em desenvolvimento e impediu um acordo vinculativo para reduzir o aquecimento global. Mas o fato também oferece um caminho para uma abordagem mais produtiva na colaboração dos países dos hemisférios norte e sul em matéria de alterações climáticas.
Na América Latina, a água é mais fortemente ligada ao potencial de competitividade econômica e humana do que em qualquer outra parte do mundo. A região tem cerca de 31% dos recursos do planeta de água doce, sendo o lar de apenas 8% da sua população. Essa vantagem enorme de água permitiu que a América Latina receba 68% da sua eletricidade a partir de fontes hidrelétricas, comparados com uma média mundial de menos de 16%.
As exportações de mercadoria da região – na agricultura e na mineração – dependem de quantidades extraordinárias de água. Cerca de metade das exportações de carne bovina do mundo e quase dois terços de toda a soja vêm da América Latina, onde esses itens são mais baratos de serem produzidos, graças às chuvas tipicamente abundantes.
Mas após severas secas dos últimos anos, a vantagem de água tornou-se uma vulnerabilidade muito grande. Em 2008, a Argentina perdeu 1,5 milhões de cabeças de gado e cerca de metade de sua safra de trigo com a seca, enquanto a produção hidrelétrica na parte mais populosa do Chile caiu em 34%.
Mais recentemente, vastas regiões da Venezuela, Equador, Colômbia, Paraguai e México têm sido obrigadas a racionar água, cortar energia ou ambos. Esses esforços aprofundam a lacuna entre as pessoas com ligações de água em casa e as milhões de pessoas pobres latino-americanas que devem recorrer aos vendedores informais de água ou a cara água engarrafada.
Acredita-se que as últimas secas resultam de fenômenos climáticos cíclicos como o El Niño. Mas eles também são um presságio, porque os cientistas do clima concordam que as flutuações extremas de chuva estarão entre as primeiras e mais dramáticas consequências do aumento das temperaturas na América Latina.
A relação entre água e clima poderia servir para conciliar os conflitos de prioridades que atrapalharam as negociações em Copenhague. Primeiramente, como os países industrializados procuram as melhores maneiras de gastar os bilhões de dólares prometidos em ajuda para a adaptação às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento, eles devem centrar-se em projetos para resolver a curto prazo problemas relacionados com o clima, como o abastecimento de água e saneamento.
Esse pragmatismo reconheceria a pressão sentida pelos líderes de países onde os elementos essenciais como saúde, educação e alimentação ainda não estão disponíveis para muitos cidadãos – e onde a meta de reduzir as emissões de dióxido de carbono continua a parecer um luxo. Isso também convenceria as pessoas nos países em desenvolvimento que os países ricos estão tão preocupados com a sobrevivência a curto prazo das crianças quanto com a saúde a longo prazo do planeta.
Esses objetivos não precisam ser mutuamente exclusivos. A Espanha, por exemplo, tornou-se líder internacional em promover energia eólica e solar como parte de suas políticas climáticas. Mas, no ano passado, o governo espanhol também criou um fundo de doação de US$ 1,5 bilhões que está financiando projetos de fornecimento de água e saneamento nas comunidades mais pobres da América Latina.
Estas subvenções estão ajudando a iniciar projetos de infra-estrutura crítica necessária em países como o Haiti, Guatemala e Bolívia. Elas têm alavancado também centenas de milhões de dólares em fundos adicionais do Banco Interamericano de Desenvolvimento e outros doadores.
Governos latino-americanos, por sua vez, devem começar a tratar a água como um recurso verdadeiramente estratégico, em vez de livre e ilimitado. No curto prazo, isto significa priorizar os investimentos e as reformas dos serviços básicos, a fim de reduzir o desperdício, reduzir o déficit de cobertura e eliminar doenças transmitidas pela água. Mas também exige a disposição de fazer concessões em busca de reduções das emissões globais que, com o tempo, poderiam ser fundamentais para garantir um fornecimento confiável de água.
A cidade de La Paz, na Bolívia, é um exemplo disso. Os doadores internacionais estão ajudando a financiar a expansão das redes de água e saneamento para bairros de baixa renda, principalmente os habitados por índios Aymara. No entanto, as geleiras que abastecem a cidade com água estão derretendo rapidamente, então o auxílio será usado para garantir novas fontes de água.
Sendo um país com grandes florestas tropicais, a Bolívia pode ajudar a diminuir o risco de mudanças climáticas catastróficas, juntando-se a programas para reduzir as emissões de dióxido de carbono causadas por desmatamento. Mas os bolivianos estão mais propensos a apoiar essas medidas se obtiverem provas de que os países industrializados estão empenhados em ajudar a conseguir uma qualidade de vida melhor.
* Luis Alberto Moreno é presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, a principal fonte de financiamento multilateral de desenvolvimento para América Latina e Caribe. Ele escreveu este artigo para o Los Angeles Times.
Artigo [Latin America's water needs could foster collaboration to curb global warming] do Los Angeles Times, no Estadao.com.br.

CPTEC realiza Curso de Interpretação e Uso da Previsão de Tempo e Clima na Agricultura


domingo, 27 de março de 2011

Conheça a belíssima catedral feita de lixo

Agora, depois de meio século, ela está quase pronta, com apenas algumas janelas e uma parte do telhado faltando. A arquitetura é inspirada na Catedral de São Pedro, da Itália, e na Casa Branca.
Todo o material usado na construção foi salvo do lixo e a catedral foi construída nas terras do próprio Dom Justo, em uma área de 4 km quadrados, em Madri.
A maioria dos países não permitiria uma construção dessas, especialmente administrada por alguém que não tem conhecimento sobre engenharia ou arquitetura, mas o conselho de Madri fez vista grossa para a catedral de Dom Justo, que tem um motivo “mais nobre”. Agora o ex-monge quer conseguir uma licença para que fiéis possam visitar e rezar na catedral de lixo.
[Gizmodo]

O aquecimento global afetará diretamente os ecossistemas de água doce

A estabilidade dos ecossistemas de água doce estará seriamente comprometida se a temperatura do planeta aumentar, de acordo com cientistas.
Pesquisadores da Universidade Queen Mary, de Londres, analisaram o plâncton que existe em água doce – estruturas pequenas que são a base da cadeia alimentar nos meios aquáticos. Eles aqueceram o plâncton em 4 graus Celsius, o aumento de temperatura que os rios do planeta podem ter no próximo século, e fizeram uma descoberta alarmante.
O fitoplâncton, plantas microscópicas, sofriam uma diminuição considerável em seu tamanho quando expostos a temperaturas maiores. Basicamente, o fitoplâncton maior pode fazer mais fotossíntese, mesmo que o fitoplâncton menor esteja em maior número.
Pelo fitoplâncton ser capaz de produzir seu próprio alimento, eles são uma fonte de alimento para o zôoplancton – animais muito pequenos que, por sua vez, servem de alimento para animais um pouco maiores, seguindo-se, assim, a progressão natural da cadeia alimentar.
Mas quando o fitoplâncton se modifica, toda essa escala é comprometida.
Os cientistas responsáveis pela pesquisa acreditam que isso não quer dizer que a vida em água doce será extinta, mas que existirão mudanças e que ela, provavelmente, não ficará parecida com o modelo que conhecemos hoje. [BBC]

Por que a atmosfera do Sol é mais quente que sua superfície?

Sabemos há algum tempo que a atmosfera do Sol é mais quente do que a própria superfície da estrela, mas o motivo disso é um mistério para os cientistas. Agora, foi descoberto que o motivo pode ser jatos de plasma que saem do Sol em pequenas explosões em uma velocidade de 100 km por segundo.
Bart De Pontieu, do Laboratório Solar e Astrofísico Lockheed Martin Solar, em Palo Alto, na Califórnia, usou dados da Nasa e da missão japonesa Hinode para revelar os jatos, conhecidos como espículas e visíveis na imagem acima. Algumas dessas espículas podem chegar a temperaturas de 999726 graus Celsius.
Modelos anteriores do funcionamento do Sol mostraram que tais jatos poderiam existir, mas ninguém nunca havia medido sua temperatura.
Agora os cientistas estão tentando descobrir o que estimula essas espículas. [NewScientist]

Paradoxo: Sol mais brilhante faz com que o oceano fique mais frio

Segundo um novo estudo, aumentar o brilho do Sol pode, paradoxalmente, levar a temperaturas mais frias na Terra.
O impacto do Sol sobre o clima da Terra é assunto para debates há anos. Por exemplo, o chamado Mínimo de Maunder, quando poucas manchas solares extraordinárias foram vistas entre 1645 e 1715, parcialmente coincidiu com a Pequena Idade do Gelo da Europa e da América do Norte, o que levou cientistas a questionarem se o sol era a causa dessa mudança climática, bem como se ele é responsável pela atual mudança que o mundo está passando.
Para saber mais sobre os efeitos que as alterações do brilho solar podem ter sobre o clima, pesquisadores analisaram sedimentos de aproximadamente 15 metros de comprimento, a 530 metros abaixo da superfície do mar em Baixa Califórnia do Sul, no México.
Os cientistas se concentraram em um plâncton da espécie Globigerina bulloides. Ao analisar os níveis de magnésio nas conchas destes organismos, que aumentam conforme as temperaturas sobem, os pesquisadores puderam reconstruir as temperaturas de superfície do Pacífico tropical desde o Holoceno, época de aproximadamente 12 mil anos atrás, até os dias atuais.
Para deduzir os níveis de radiação solar durante esse tempo, os pesquisadores observaram os níveis de carbono-14 em anéis de árvore e berílio-10 no gelo polar. Raios cósmicos do sistema solar teriam gerado esses isótopos (variedades de um elemento que tem um número diferente de nêutrons).
Quando a radiação solar é elevada, reforça o campo magnético interplanetário, que protege a Terra contra os raios de alta energia, de modo que menos desses isótopos estariam presentes em anéis de árvores e no gelo que se formou numa época em que a radiação solar foi elevada.
Ao comparar a radiação solar e os registros de temperatura, os pesquisadores descobriram que, conforme a atividade solar aumentou no início e meio do Holoceno, a temperatura dos oceanos na região diminuiu em um padrão parecido com os eventos de La Niña, quando o Pacífico equatorial fica com águas mais frias do que o normal. Quando a atividade solar diminuiu, as temperaturas do oceano subiram como ocorre durante o El Niño, evento marcado por águas quentes no Pacífico, ao largo da costa das Américas.
As condições frias como na La Niña podem ter gerado a tendência de um Sol mais brilhante para aquecer a superfície da Terra, enquanto o clima mais quente do estilo El Niño pode ter causado um resfriamento a partir de um sol menos brilhante.
Existem modelos de clima que podem explicar o que pode ter ocorrido. Segundo cientistas, a radiação solar é aparentemente melhor em aquecer a atmosfera sobre o Pacífico Equatorial Oeste do que Leste; há uma maior convergência dos ventos sobre o Equador a oeste, levando a um maior volume de ar para absorver o calor do sol.
Este ar quente aumenta os ventos alísios que sopram do leste para o oeste. Estes, por sua vez, “empurram” as águas superficiais, fazendo com que as águas frias do fundo do oceano venham para cima. O resfriamento resultante do oceano aumenta os ventos ainda mais, agravando esse efeito de resfriamento.
As novas descobertas podem levantar questões sobre as causas das mudanças climáticas atuais. Segundo os pesquisadores, as mudanças recentes no brilho do sol são extremamente pequenas, um décimo de 1%. Além disso, a quantidade de mudanças na radiação pouco importa em comparação com os gases de efeito estufa, que causam muito mais mudanças climáticas.
Outra questão é se os gases de efeito estufa poderiam levar a mais La Niñas, assim como um sol brilhante. Os pesquisadores não acreditam nisso, porque os gases do efeito estufa afetam os padrões de circulação de maneira bem diferente.
O El Niño e a La Niña são parte de um padrão climático conhecido como Oscilação Sul-El Niño, ou OSEN. O El Niño é extremamente importante para a variabilidade climática de ano para ano; por exemplo, é por isso que o sul da Califórnia pode ter inundações e deslizamentos de terra em um ano, e secas e incêndios florestais no próximo.
Enquanto modelos de computador diferentes geralmente concordam em muitos aspectos das mudanças climáticas, há menos acordo sobre o futuro do OSEN. Os pesquisadores esperam, ao estudar o passado, aprender mais sobre o futuro. [OurAmazingPlanet]

Como o clima influenciou eventos históricos

  A mudança climática não é um problema novo. Um estudo recente que pesquisou ano a ano a temperatura e a precipitação na Europa Ocidental oferece o retrato mais detalhado já feito de como o clima e a sociedade são entrelaçados há milênios. Os pesquisadores acumularam uma base de dados de mais de 9.000 peças de madeira que datam de 2.500 anos. As amostras vieram de árvores vivas e restos de construções e outros artefatos de madeira, todos da França e da Alemanha.
Ao medir a largura dos anéis das madeiras, os pesquisadores foram capazes de determinar os níveis de temperatura e precipitação em uma base ano a ano.
Para obter temperaturas anuais, os pesquisadores mediram anéis de árvores coníferas de alta altitude, que crescem mais rapidamente nos verões mais quentes e mais lentamente nos anos mais frios.
Para medir a precipitação, eles olharam para as larguras dos anéis em carvalhos de elevação mais baixa, que crescem mais rápido em anos com níveis mais elevados de precipitação. Outras técnicas permitiram que os cientistas soubessem exatamente que ano cada anel representava.
As conclusões do estudo envolvem um período prolongado de tempo úmido que estimulou a propagação da peste bubônica em tempos medievais, e 300 anos de tempo imprevisível que coincidiram com o declínio do Império Romano.
Claro que as mudanças climáticas não foram necessariamente a causa destes e de outros grandes eventos históricos. Porém, com um olhar para o passado, tal trabalho pode ajudar a sociedade a se preparar melhor para as alterações climáticas do futuro.
O melhor entendimento sobre o antigo sistema climático e sua variabilidade ajuda a compreender a situação atual, e influenciar decisões de políticas públicas sobre a gestão da água e outros recursos. O estudo não fornece nenhuma previsão, mas ajuda os governos a considerarem situações.
Em geral, as análises mostraram que o grau de mudanças climáticas que estão ocorrendo agora é sem precedentes nos últimos 2.500 anos.
Como os pesquisadores tinham dados de padrões climáticos correlacionados com seus anos exatos, puderam se concentrar em momentos específicos da história. Novamente, os dados sugerem que o clima tem afetado a cultura de maneira dramática.
Mudanças extremas e frequentes nos padrões climáticos entre 250 e 550, por exemplo, coincidiram com um período de turbulência em situações excepcionais na política e economia da Europa.
Conforme os padrões climáticos se estabilizaram novamente entre aproximadamente 700 e 1000, por outro lado, as sociedades começaram a prosperar e crescer no meio rural do noroeste da Europa. Ao mesmo tempo, as colônias nórdicas surgiram na Islândia e na Groenlândia.
O clima também parece ter desempenhado um papel na epidemia da Peste Negra, que matou cerca de metade da população da Europa Central em 1347. As décadas que antecederam a manifestação tiveram verões mais úmidos e uma onda de frio que correspondia com o início de uma Pequena Idade do Gelo. Essas condições podem ter contribuído para a fome generalizada e má saúde, predispondo as pessoas à praga.
Outro mergulho particularmente frio no início do século 17 correspondeu com a Guerra dos Trinta Anos, uma época em que muitas pessoas abandonaram a Europa e migraram para a América. Não é que houve uma guerra porque estava frio. Mas as condições não eram úteis. A sociedade estava afetada pela turbulência política, e a temperatura era um sofrimento adicional.
Juntos, os resultados oferecem novas e extraordinárias linhas de evidência para a compreensão da história das sociedades humanas. As correlações não provam nada, mas os resultados ajudam a mostrar como o clima tem atuado como um dos muitos fatores que alteram a vida das pessoas ao longo da evolução social. [MSN]